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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

APRENDA COMO TRANSFERIR SEU BLOG DO BLOGGER PARA OUTRA CONTA


Muitos usuários podem buscar esta configuração para adicionar novos proprietários em seus blogs. Essa transferência pode se dar por diversos motivos: abandono do cargo do blog, transferência para outra conta da mesma pessoa, adicionar algum desenvolvedor de modelo para fazer manutenção do template do blog, dentre outras situações.

É importante destacar que ao adicionar alguém como administrador do seu blog, você transfere todos os privilégios que você tem, para a outra pessoa, incluindo a opção de deletar ou remover você do blog. Escolha com atenção quem irá administrar do seu blog. Dependendo da índole da pessoa, podem cuidar muito bem do seu blog, como também podem fazer estragos irreparáveis.

O Google não se responsabiliza por roubos de blogs entre membros da equipe, por isso cuidado!

Passo 1


Acesse seu blog no painel do Blogger (www.blogger.com).

Passo 2


Vá em Configurações › Básico › desça até Permissões e clique em Adicionar autores:

(clique na imagem acima para ampliar)

Passo 3


Adicione o endereço de e-mail da pessoa que você quer adicionar como administrador e clique em Convidar:

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Passo 4


Peça para a pessoa que você convidou, entrar na caixa de entrada do e-mail dela, e aceitar o convite do Blogger para ser autor do blog:

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Passo 5


Agora, você, atual administrador, vá no painel do blog e mude o status do novo autor para administrador (é preciso atualizar a página para exibir o status de autor *F5):

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Pronto! Você adicionou um novo administrador em seu blog :)

Dúvidas? Deixe nos comentários.

domingo, 16 de dezembro de 2012

FIFA Manager 13 - Análise


Ao contrário do ano anterior, não sou mais um novato na série Fifa Manager, já não existe aquela magia em experimentar algo novo e diferente daquilo a que o meu cérebro estava habituado no género, mas confesso que continuo a tirar um especial prazer em jogar o simulador de treinadores da Eletronic Arts. E não é o mesmo prazer que conhecemos nestes simuladores, em fazer evoluir uma equipa ao longo dos anos, na sua dimensão tática e estrutural, isso também existe em Fifa Manager, mas não aí que está o seu apelo, pelo menos para mim.
Como sempre acontece, em FIFA Manager 13 tomamos controlo dos vários aspetos que definem um clube de futebol moderno, decidimos as contratações, tratamos das renovações, da tática, do treino da equipa e até expandimos as infraestruturas do clube. As opções de como queremos abordar a simulação continuam extremamente flexíveis, com a possibilidade de delegar a maioria das competências para a equipa técnica, ou com a possibilidade de sermos nós a criar o nosso próprio clube, tirando até partido de um modo editor bastante completo.
Ao criar a nossa representação virtual de treinador continuamos a poder ajustar as várias opções de dificuldade, que se dividem entre quatro campos diferentes. O primeiro são as transferências e contratos, como é óbvio quanto menor for o nível que escolhermos, mais fácil será contratar jogadores e renovar os contratos. O segundo é relativo à rigidez como somos tratados pela direção do clube. O terceiro campo está ligado à moral e confiança dos jogadores. E finalmente o último campo da prospeção, que determina a facilidade a que temos acesso às verdadeiras competências e potencialidades dos jogadores que procuramos.
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"Eventualmente juntei uma fortuna engraçada, e tinha já vários apartamentos arrendados, dois carros e uma quantidade ridícula de bens de luxo."
Podemos também definir o nosso aspeto, desde os tradicionais, nome, idade e género, até ao limite do editor de rosto para moldar a nossa aparência física, ou fazendo o upload direto de uma fotografia se assim preferirmos. Logo a seguir vem a parte hilariante, que é quando definimos a nossa base social, se somos casados e qual é o nome e até a aparência da nossa companheira (ou companheiro).
Este é um dos aspeto que distingue Fifa Manager dos seus concorrentes mais diretos, e este ano foi alargado para ter um impacto mais significativo no jogo. Agora não só podemos brincar com estes algoritmos morais na nossa vida privada, como também existe todo um conjunto de relações pessoais e estados emocionais para gerir na equipa, mas já lá vamos. Como no ano anterior decidi criar e jogar com o meu próprio clube (os Taliban de Braga na altura), este ano decidi abraçar o modo carreira em Portugal, tendo-me calhado o Beira-Mar para começar. Tenho alguma dificuldade em julgar o realismo inerente à qualidade das equipas, mas para o que vale, acabei a primeira época no sexto lugar, e o campeão nacional da época 2012/13 foi o Sporting CP, seguido de perto pelo SC Braga. Parece que pelo menos no Fifa Manager o Hulk e o Witsel fizeram falta aos seus clubes anteriores.
Uma das novidades desta versão de 2013 que vai de encontro ao que falava anteriormente sobre as relações pessoais e estados emocionais na equipa é o Team Dynamics, uma zona onde podemos não só saber quais as preocupações de cada jogador individualmente, como temos acesso a uma pirâmide de hierarquias dentro do balneário. Num clube modesto como o Beira-Mar, não existem grandes egos e os líderes são relativamente unânimes (Hugo e Rui Rego), mas se quiserem formar uma equipa de galácticos esta zona ganha outra importância.
Mas isto não é tudo, através do menu Team Matrix é possível verificar as relações dos jogadores entre si, fundadas em pequenos detalhes ou em grandes diferenças. Claro que apenas temos algumas opções de diálogos para atenuar todos os problemas que cada jogador oferece durante a época, mas podemos por exemplo fazer de psicólogo, ganhar a confiança de cada jogador aos poucos, com uma palavra de encorajamento ou apenas perguntando como está a família. Nas contratações também é aconselhado pedir um relatório psicológico do jogador em que estamos interessados, de forma a não colidir com a estrutura emocional do próprio grupo de trabalho, ora ai está algo que nunca tinha experimentado assim tão a fundo num simulador destes.
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Team Dynamics é uma das novidades deste ano.
O meu salário inicialmente era de cerca de 13 mil euros mensais, e por isso comecei por comprar um apartamento modesto, aprendi a navegar depois de um desastroso encontro amoroso em alto mar, investi em bolsa moderadamente e comprei um Hyundai dos mais baratos. Ora o complicado é que como estava a jogar um simulador de treinadores de futebol, me esqueci completamente da data de aniversário da minha companheira, e fui penalizado por isso. Melhor ainda é que a certa altura surgem dilemas em que precisamos escolher claramente entre a carreira e o amor, lembro-me por exemplo de ter que decidir entre ir a um jantar de família da minha companheira, ou marcar presença noutro jantar com o principal grupo de adeptos do clube. Optei pelo segundo porque quero ganhar no jogo, e não estou a jogar Sims.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Escola de Frankfurt: introdução histórica

Horkheimer e Adorno: dois membros da Escola de Frankfurt
Horkheimer e Adorno: dois membros da Escola de Frankfurt
 
Em meio a um contexto histórico-político turbulento na Alemanha e no mundo, surgiu o embrião de um movimento intelectual cuja consolidação mais tarde foi denominada de Teoria Crítica. A Alemanha, após o estratagema político de uma direita - concentrada no Partido Nacional Socialista – marcada pelo fracasso e demérito popular, deu a vitória a Hitler em eleições diretas, abrindo caminho para a perseguição e destruição das organizações dos trabalhadores e de seus partidos representativos. A ascensão do Nazismo, a Segunda Guerra Mundial, o “Milagre Econômico” no pós-guerra e o Stalinismo foram os fatores que marcaram a Teoria Crítica da sociedade, tal como esta se desenvolveu do início de 1920 até meados dos anos 70.
Sob a iniciativa de Felix J. Weil, filho de um negociante de cereais que fizera fortuna na Argentina, houve a “Primeira Semana de Trabalho Marxista” que tinha como prerrogativa lançar a noção de um marxismo verdadeiro e puro. A partir deste evento nasceu a ideia de criar um instituto permanente na condição de órgão independente de investigação. Este instituto foi estabelecido com um donativo de Herman Weil (pai de Felix) e de um contrato com o Ministério da Educação que frisava a exigência de que o diretor do instituto deveria ser titular de uma cadeira na universidade. O Instituto de Pesquisa Social (como foi denominado) e que deveria se chamar Instituto para o Marxismo, foi criado oficialmente por um decreto do Ministério da Educação em 1923, tendo como diretor Kurt Albert Gerlach, falecido em outubro de 1923. Foi Carl Grünberg que ocupou o cargo até 1930. Em 1931, foi criada uma dependência do instituto em Genebra, por sugestão de Albert Thomas (diretor da Organização Internacional do Trabalho). Em 1933, um escritório com vinte e um indivíduos instalou-se em Genebra, tornando-se o centro administrativo do instituto, que foi fechado pelos nazistas. A partir de setembro de 1933, a Escola de Frankfurt deixou a cidade de Frankfurt e formou departamentos na França e na Suíça. Cabe aqui salientar que sem a consolidação do instituto não teria sido possível a existência da Escola de Frankfurt –sendo que este desenvolvimento se deu somente após a saída (obrigatória) do instituto de Frankfurt; embora o termo “Escola de Frankfurt” tenha sido instituído somente após o regresso do instituto à Alemanha, em 1950.
Quanto à terminologia, observa-se uma tradicional problemática, pois “escola” notifica um corpo intelectual cujos membros se concentram em uma mesma linha de pensamento, no caso da Teoria Crítica, de uma mesma avaliação crítica social da política vigente, o que não se pode determinar verdadeiramente quando observadas as teorias de seus membros. A Teoria Crítica tornou-se legítima como tal após a publicação da obra “Teoria Tradicional e Teoria Crítica” de Max Horkheimer, na Revista de Pesquisa Social entre 1932 e 1942. É sabido que Horkheimer foi o principal responsável pela consolidação da escola, não somente por sua posição intelectual e política no âmbito da Universidade de Frankfurt, mas, sobretudo, por sua situação financeira que lhe garantiu grandes realizações.
Formou-se, nessa linha, uma comunhão de pensadores críticos da sociedade, de sua condição subordinada a um processo de dominação, valendo-se do marxismo heterodoxo para fundamentarem suas críticas. O Instituto de Pesquisa Social teve como membros Pollock, Wittfogel, Fromm, Gumperz, Adorno, Marcuse e outros que passaram a contribuir com artigos, ensaios e resenhas para a revista. Muitos dos ensaístas, como foi o caso de Walter Benjamim, Marcuse e Adorno, somente se filiaram ao instituto na fase de sua emigração para os Estados Unidos.
Enfim, a partir de 1931 sob a direção de Horkheimer houve uma importante modificação na revista: a hegemonia dos estudos econômicos foi dada, neste momento, à filosofia. Foi, portanto, nessa linha que se norteou a compreensão da identidade do projeto da Escola de Frankfurt, já que ao tratar de problemas sobre história, política ou sociologia, os autores recorriam constantemente a Platão, Kant, Hegel, Schopenhauer, Bergson, Heidegger e outros.

A educação no “Emílio” de Rousseau


Rousseau - Autor do livro Emilio, ou Da Educação

Em 1762, Jean-Jacques Rousseau publicou Emilio ou Da Educação. Este tratado, de uma total novidade para a época, encontrou grande sucesso, revolucionando a pedagogia e serviu de ponto de partida para as teorias de todos os grandes educadores dos séculos XIX e XX. Trata-se de um romance pedagógico que conta a educação de um órfão nobre e rico, Emilio, de seu nascimento até seu casamento.
Fiel a seu princípio, segundo o qual o homem nasce naturalmente bom, Rousseau estima que é preciso partir dos instintos naturais da criança para desenvolvê-los. A educação negativa (essa que propõe o filósofo), na qual o papel do preceptor (professor) é, sobretudo, o de preservar a criança, deveria substituir a educação positiva que forma a inteligência prematuramente e impensadamente. O ciclo completo desta nova educação comporta quatro períodos:
1. O primeiro período vai de 0 a 5 (zero a cinco) anos, correspondendo a uma vida puramente física, apta a fortificar o corpo sem forçá-lo; período espontâneo e orientado graças, notadamente, ao aleitamento materno;
2. O segundo período vai de 5 aos 12 (cinco a doze) anos e é aquele no qual a criança desenvolve seu corpo e seu caráter no contato com as realidades naturais, sem intervenção ativa de seu preceptor;
3. O preceptor intervém mais diretamente no terceiro período que vai de 12 a 15 (doze a quinze) anos, período no qual o jovem se inicia, essencialmente pela experiência, à geografia e à física, ao mesmo tempo em que aprende uma profissão manual ou ofício;
4. Dos 15 aos 20 (quinze aos vinte) anos compreende-se o quarto período em que o homem floresce para a vida moral, religiosa e social.
Este é, pois, o modelo básico de educação proposto por Rousseau para substituir a educação tradicional que, em nome da civilização e do progresso, obriga os homens a desenvolverem na criança a formação apenas do intelecto em detrimento da educação física, do caráter moral e da natureza própria de cada individuo.

A educação no período Helenístico: a Paideia na época de Alexandre, o Grande

Pirro, filósofo que negou radicalmente toda a tradição platônico-aristotélica
Pirro, filósofo que negou radicalmente toda a tradição platônico-aristotélica
 
Alexandre possuía um talento esplendido no que diz respeito a táticas, expedições militares e conquistas de terras alheias. Porém, essas conquistas levaram a uma revolução cultural inimaginável: a cultura helênica chegou a todos os povos conquistados e os helênicos sofreram grande influência das mais diversas culturas, particularmente das orientais. Entretanto, em contrapartida com a cultura, houve também uma reviravolta política, cujo alicerce é a passagem das cidades-Estados gregas às monarquias autoritárias alexandrinas. Submetendo toda a liberdade e a felicidade dos gregos, sustentadas pela democracia, há uma anarquia espiritual e política intrínseca nessas monarquias. Desse modo, o cenário resume-se ao desaparecimento do cidadão, ou ainda do próprio sentimento do que seja cidadão, e ao estabelecimento do indivíduo cosmopolita, isto é, o cidadão do mundo.
Além da Academia de Platão e do Liceu de Aristóteles, outras escolas foram sendo desenvolvidas no período helenístico: Estoicista, Epicurista e Pirronista. As escolas de Platão e Aristóteles tinham um papel essencial na definição e na interpretação das teorias de seus fundadores. Já o estoicismo, o epicurismo e o pirronismo possuíam um pensamento diverso dessas escolas, buscando uma visão diferenciada da ética e, portanto, da educação ou Paideia, pois se baseavam em repassar para seus discípulos fundamentos teóricos que pudessem estabelecer princípios que instruiriam uma vida moralmente correta e, essencialmente, uma vida feliz. Essas escolas divergem quanto a alguns aspectos teóricos que influenciam os princípios éticos que fundamentam cada concepção de educação. Vejamos quais diferenças são essas:
O Pirronismo deriva do pensamento de Pirro, filósofo que negou radicalmente toda a tradição platônico-aristotélica, colocando em dúvida todo o conhecimento humano, pois as coisas são, em si, impossíveis de se conhecer, ou seja, “cada coisa não é mais que aquilo”, e, assim, nossas representações estão anuladas e qualquer tentativa de formar juízos sobre qualquer sensação obtida está fadada ao fracasso. Desse modo, aqueles que desejam ser felizes devem manter a abstenção de juízo e ficar sempre indiferentes diante das coisas, pois as tentativas de formação de qualquer tipo de juízo estão impossibilitadas; logo, aqueles que insistem em tal ato somente conseguirão a perturbação da alma, o que é totalmente contrário ao ideal de felicidade, que é a apatia ou imperturbabilidade da alma.
O Epicurismo não nega a certeza do conhecimento das coisas, pois admite em seus estudos sobre a natureza que tudo é matéria e que todas as coisas são formadas por milhares de diferentes átomos que comprovam a existência conforme entram em contato com nossas sensações. Dessa forma, nossa sensação é perfeitamente capaz de nos remeter ao mundo exterior e, sobretudo, de dar-nos certeza de encontrar a verdade (a coisa em si). É nesse contato com a verdade que os preceitos morais epicuristas encontram seus fundamentos: quando as coisas entram em contato com nossa sensação, despertam-nos um sentimento de prazer ou de dor, sendo que o critério para discernir o que é bom para o indivíduo é o prazer; e para discernir o que não é bom, a dor.
Porém, não é todo o sentimento de prazer que promove a felicidade; desse modo, explica-se a existência de prazeres naturais e necessários, outros naturais, mas não necessários e ainda não naturais e não necessários. Assim, Epicuro concede à sabedoria fundamental importância para o bem julgar, pois estabelecidos os cânones (máximas) destinados a orientar seus discípulos a distinguirem de forma correta os prazeres e para que eles sempre escolham os prazeres naturais e necessários, proporciona a todos a saúde do corpo e a tranquilidade da alma e, em consequência disso, a felicidade. Constitui também os preceitos da ética epicurista, o não temor dos deuses e da morte, pois ele contradiz a teoria atomística-materialista de Epicuro. Assim, a postura do sábio epicurista é de grande reclusão, a qual proporciona a todos a possibilidade do reconhecimento dos melhores prazeres, mas sempre reconhecendo a importância da amizade que abre oportunidade de trocar conhecimentos com outrem e estabelecer uma sabedoria indispensável para a formação do indivíduo.
Por fim, a educação epicurista almejaria, sobretudo, sob o alicerce da sabedoria, formar o indivíduo moral e orientar suas ações, mantendo sua alma longe dos temores do vulgo, das paixões e dos vícios (dor), enquanto procura prazeres naturais e necessários para estabelecer uma vida saudável, tranquila e, enfim, feliz.
Já o Estoicismo concebe a natureza como sendo determinada conforme um monismo-panteísta: monismo por se tratar de um corpo único denominado mundo (Todo); e panteísta por existir nesse mundo, disseminado em todas as partes, um princípio criador e normativo denominado Lógos. Ele está presente no homem, porém de forma diferenciada: ele é parte hegemônica na alma humana, ou seja, no homem, ele é o que conhecemos como razão. Assim, o homem é naturalmente racional e essa razão é responsável por conduzi-lo (guiar).
De acordo com os estoicos, ser feliz é, também, estar ou viver de acordo com a natureza; logo, devemos primeiramente observar a natureza do homem. Ele é um animal que necessita de conservação, isto é, que precisa alimentar-se e procriar-se. Mas essa conservação está devidamente atualizada, visto que sobrevive pelo transcorrer dos séculos. Por outro lado, ele é racional e, contudo, necessita de atualização constante (como nos cuidados com o corpo). Desse modo, os estoicos determinaram todos os conceitos necessários para que o indivíduo possa conscientizar-se de sua constituição física a fim de incrementar (aperfeiçoar) sua parte racional, que é falha, escolhendo somente os bens, tendo como embasamento os critérios de verdade, de modo que ele mantenha-se afastado do erro (maus juízos) e, portanto, das paixões que habitam a alma e que lhe causam penosa infelicidade.
Assim, para os estoicos, a educação se basearia no esclarecer ao indivíduo que conscientizado e seguindo sua razão conjuntamente com todos os critérios de juízo, terá a perfeita condição de estar constantemente prudente ao estabelecer juízos para execrar tudo o que não aperfeiçoe sua natureza, mantendo longe de si toda e qualquer paixão, a fim de viver com felicidade.

A educação na Grécia clássica dos sofistas a Platão

Platão e Sócrates em uma pintura medieval
Platão e Sócrates em uma pintura medieval
 
O caráter comunitário da Paideia (educação) grega imprimiu-se em cada membro, sendo fonte da ação e do comportamento. A estrutura social assentava nas leis e normas, escritas ou não, unindo a si e a seus membros, sendo a educação o resultado da consciência viva de uma norma cuja finalidade era a formação de um elevado tipo de homem (forma ideal do Belo e do Bom guerreiro), representando, assim, o sentido de todo o esforço humano (e isso justifica a comunidade e a individualidade).
Desse modelo ideal aristocrático ao ideal democrático, importantes alterações foram feitas: antes eram os poetas que através dos mitos transmitiam os valores que deveriam ser imitados pelo povo grego. Mas, com a assembleia, surge a necessidade de se falar em público e o bem falar era a pretensão sofística. A democracia, como governo do povo, ainda exigia dirigentes eleitos e os sofistas trabalhavam em prol daqueles que almejavam os cargos estatais. A palavra ganha destaque. Nas assembleias, os retóricos conseguem persuadir com sua eloquência, detendo o poder para a realização dos seus interesses.
Esse ensino foi feito de forma privada e particular, tendo a virtude como aptidão intelectual voltada para os negócios públicos. No entanto, ensinar a falar não era suficiente para aprender uma ciência. Logo, o modelo sofístico foi desmascarado como a produção de discursos ilusórios que pretendem convencer por convencer e não pela verdade. É onde entra a figura de Sócrates como educador.
A partir do questionamento da essência do homem, a qual foi identificada com a alma (razão, consciência e personalidade intelectual e moral), o conhecimento da virtude teve de ser reformulado: virtude ou excelência é aquilo que torna uma coisa boa e perfeita naquilo que é ou a atividade ou modo de ser que aperfeiçoa cada coisa, fazendo-a ser aquilo que deve ser (a virtude do cavalo = velocidade, a virtude do cão = disciplina, a virtude do soldado = temperança e coragem, etc.). Há, pois, uma inversão de valores. Enquanto os sofistas pregam a imediaticidade, a fama, a glória, a honra como valores externos a serem alcançados; a visão socrática busca o conhecimento, a técnica, a ética, como valores internos a serem realizados.
É assim que se compreende o que quer dizer a noção de que o erro é involuntário. É impossível conhecer o Bem e não fazê-lo. A noção de autarquia promovida pela virtude significa o autodomínio da racionalidade sobre a animalidade e a felicidade seria a harmonia e a ordem interior no homem que aprendeu a controlar os seus impulsos. A violência e os desejos são ímpios e devem ser educados.
Seguindo os passos de seu mestre, Platão desenvolveu a postura de Sócrates retomando o mito como expressão de fé e crenças racionalizadas. Para ele, o mito procura clarificação no lógos e este busca complementação no mito. Com a razão no limite, cabe ao mito superar intuitivamente esses limites, elevando o espírito a uma tensão transcendente. É dessa forma que as causas últimas que garantem o conhecimento são as Ideias (ou Formas), que são o paradigma da discursividade e do entendimento. O conhecimento é Anamnese, isto é, rememoração, lembrança que explica a possibilidade da ciência enquanto condiciona essa possibilidade à presença de uma intuição originária do verdadeiro na alma. É por isso que se faz necessário o uso da dialética para verificar a relação entre opinião e ciência, já que há uma hierarquia que depende da ascensão e descensão da busca, isto é, o momento de se pensar e o momento de se fabricar discursos segundo os modelos ideais. A arte é distanciamento da verdade, pois é cópia do verdadeiro. Por isso, Platão também faz um certo uso da retórica a fim de superar as opiniões horizontais.
É por isso que somente o amor é capaz de fazer esse caminho. Ele vai do alógico, do irracional, do sensível e desejante até o racional, lógico e inteligível, promovendo a compreensão da essência das coisas que por isso mesmo tornam-se belas. É também assim que a educação no Estado ideal consegue realizar o conceito de Justiça, que é o fim da vida política.

A diversidade cultural em Lévi-Strauss

Para Levi-strauss o evolucionismo ocorre porque o Ocidente vê a si mesmo como finalidade do desenvolvimento humano

Para Levi-strauss o evolucionismo ocorre porque o Ocidente vê a si mesmo como finalidade do desenvolvimento humano
 
No texto “Raça e História”, escrito para a UNESCO, Lévi-Strauss dirige seu pensamento à diversidade cultural, elaborando sua teoria a partir de uma crítica ao evolucionismo. Para o autor, o evolucionismo ocorre porque o Ocidente vê a si mesmo como finalidade do desenvolvimento humano. Isso gera o etnocentrismo, ou seja, o Ocidente vê e analisa as outras culturas a partir de suas próprias categorias. É necessário que haja um esforço de relativização para não julgar as outras culturas através de nossa própria cultura. É preciso vê-las sem os pressupostos da nossa.
O etnocentrismo é comum a todas as culturas. Todas as sociedades veem as outras a partir de si mesmas. Mas o evolucionismo é produto ocidental, não só o biológico, mas também aquele que o precedeu, isto é, o evolucionismo social. Quando Darwin formula a sua teoria, o evolucionismo social já existia.
Assim, o evolucionismo torna-se a primeira arma com a qual o Ocidente resolve investigar as diferenças culturais e tentar explicar o porquê de alguns povos terem uma história cumulativa e outros uma história estacionária. Segundo as teorias evolucionistas, a diversidade é explicada pelo fato da humanidade apresentar diferentes estágios de civilização. Os selvagens representariam, assim, a infância da sociedade ocidental.
Para combater o evolucionismo, Lévi-Strauss refuta as bases nas quais este se apoia. Conforme o autor, há uma grande tentação em comparar sociedades que compartilham o tempo, mesmo estando em partes diferentes do espaço, como acontece com as sociedades “arcaicas” e a Ocidental. Essa é a primazia do evolucionismo, já que os objetos utilizados nessas sociedades são os mesmos utilizados na Europa no período neolítico. As pinturas rupestres seriam ritos de caça que as aproximaria das sociedades arcaicas; a América estaria, na época da descoberta, no mesmo estágio no qual a Europa se encontrava no período neolítico.
O autor se vale do seguinte argumento: os objetos são utilizados de maneira diversificada pelas diferentes civilizações. Para Lévi-Strauss, o progresso é um jogo e a história humana é o resultado das apostas dos vários jogadores (que são as diversas culturas). Esse jogo somente ocorre se houver a diversificação. As grandes revoluções da humanidade, a neolítica e a industrial, por exemplo, foram resultado desta parceria entre os vários jogadores, ou melhor, entre as várias culturas.
Dessa forma, compreende-se que a diversidade é dinâmica e a própria homogeneização produz, novamente, a diversidade. Por exemplo, a revolução industrial produz uma homogeneização da economia, na produção, mas produz uma diversidade interna na sociedade, criando classes sociais como o proletariado e a burguesia. Esta é uma maneira de se produzir diversidade, introduzindo a desigualdade social. Outra maneira utilizada foi o imperialismo, que introduz outras sociedades como parceria para o jogo.
Sendo assim, a diversidade sempre retorna e, novamente, é homogeneizada. Tomemos o capitalismo como exemplo: ele produz a homogeneização econômica do globo. Mas cria uma diversidade com a desigualdade social. Assim, temos dois polos que se digladiam constantemente. O proletário está em luta contra a burguesia através dos sindicatos, dos direitos trabalhistas adquiridos; é instaurada a sociedade do bem-estar social. Ocorre, assim, um aburguesamento do proletário e isto novamente acaba com a diversidade. Depois ocorre o neoliberalismo, que destrói o estado de bem-estar social, produzindo novamente a diversidade social.
Conclui-se, então, que a diversidade sempre irá existir e não há porque considerá-la uma anomalia. O que se torna necessário é vermos a diversidade como necessária e única possibilidade para a construção de uma história cumulativa. A evolução tecnológica que presenciamos na obra do Ocidente, somente foi possível com a colaboração de todas as civilizações envolvidas. A diversidade é a dimensão ontológica e dinâmica da condição humana.


A definição de Estado na Política aristotélica

Aristóteles e a política aristotélica
Aristóteles e a política aristotélica
 
A comunidade política, que é a soberana em relação às comunidades reunidas em torno dessa, é a cidade. A cidade é a composição de lares e vilas, sendo um último grau de comunidade. Porém, ela é soberana e visa o bem soberano. Vejamos de que modo se formam as comunidades:
A primeira comunidade é o lar, que é formado por três relações:
1. Casal (homem-mulher) – essa relação é natural e visa à procriação. Trata-se de uma necessidade, onde os dois dependem um do outro para a sua existência e perpetuação da espécie. É a universalidade entre macho e fêmea para a satisfação de um bem, uma carência do ser humano. Aqui se dá o poder político entre seres livres e iguais. Porém, este poder difere de sentido de homem para homem. No casal, o poder de governar é permanentemente do homem, pois este é apto para ordenar, enquanto que à mulher cabe apenas obedecer;
2. Pai e filho – é o poder régio, sobre os seres livres e desiguais. Essa desigualdade está baseada na diferença de idade, cabendo ao filho obedecer ao pai;
3. Senhor e escravo – o senhor é apto por natureza a governar e o escravo a obedecer e realizar trabalhos manuais. É o poder despótico sobre seres não livres.
A segunda comunidade é a vila. A comunidade, conforme Aristóteles, evolui naturalmente como de uma criança para um adulto e deste para um idoso. A vila é a evolução do lar. Ele satisfaz, além da reprodução da espécie e nutrição do indivíduo, a administração da justiça e das cerimônias religiosas.
A terceira e última comunidade é a cidade, fim da evolução natural. É na cidade que o homem pode preencher suas necessidades de viver em comum por suas carências. A cidade é autárquica, e uma comunidade perfeita é o único meio dos homens gozarem da felicidade plena, porque essa consiste no aperfeiçoamento do intelecto, na construção das virtudes e na satisfação do espírito.
A cidade é, portanto, o fim nos dois sentidos do termo. Fim da evolução natural e é também o seu próprio fim, ou seja, ela é por si mesma. Além de o homem ser um animal político, é também, dentre todos os animais, o mais político, pois possui linguagem, a capacidade não só de um prazer ou dor, mas de ter um conceito do justo e do injusto, do bem e do mal. É esse conceito em comum que faz uma comunidade.
Percebe-se, assim, que o bem do indivíduo e o bem do Estado são da mesma natureza. E embora estes consistam em buscar a completude, somente na realização do Estado, satisfazendo os fins materiais e espirituais está a perfeição. Portanto, é no Estado que o homem é realmente homem, porque naturalmente político, pois fora disso, é um animal servil como os outros.

A definição de Estado na Política aristotélica

Aristóteles e a política aristotélica
Aristóteles e a política aristotélica
 
A comunidade política, que é a soberana em relação às comunidades reunidas em torno dessa, é a cidade. A cidade é a composição de lares e vilas, sendo um último grau de comunidade. Porém, ela é soberana e visa o bem soberano. Vejamos de que modo se formam as comunidades:
A primeira comunidade é o lar, que é formado por três relações:
1. Casal (homem-mulher) – essa relação é natural e visa à procriação. Trata-se de uma necessidade, onde os dois dependem um do outro para a sua existência e perpetuação da espécie. É a universalidade entre macho e fêmea para a satisfação de um bem, uma carência do ser humano. Aqui se dá o poder político entre seres livres e iguais. Porém, este poder difere de sentido de homem para homem. No casal, o poder de governar é permanentemente do homem, pois este é apto para ordenar, enquanto que à mulher cabe apenas obedecer;
2. Pai e filho – é o poder régio, sobre os seres livres e desiguais. Essa desigualdade está baseada na diferença de idade, cabendo ao filho obedecer ao pai;
3. Senhor e escravo – o senhor é apto por natureza a governar e o escravo a obedecer e realizar trabalhos manuais. É o poder despótico sobre seres não livres.
A segunda comunidade é a vila. A comunidade, conforme Aristóteles, evolui naturalmente como de uma criança para um adulto e deste para um idoso. A vila é a evolução do lar. Ele satisfaz, além da reprodução da espécie e nutrição do indivíduo, a administração da justiça e das cerimônias religiosas.
A terceira e última comunidade é a cidade, fim da evolução natural. É na cidade que o homem pode preencher suas necessidades de viver em comum por suas carências. A cidade é autárquica, e uma comunidade perfeita é o único meio dos homens gozarem da felicidade plena, porque essa consiste no aperfeiçoamento do intelecto, na construção das virtudes e na satisfação do espírito.
A cidade é, portanto, o fim nos dois sentidos do termo. Fim da evolução natural e é também o seu próprio fim, ou seja, ela é por si mesma. Além de o homem ser um animal político, é também, dentre todos os animais, o mais político, pois possui linguagem, a capacidade não só de um prazer ou dor, mas de ter um conceito do justo e do injusto, do bem e do mal. É esse conceito em comum que faz uma comunidade.
Percebe-se, assim, que o bem do indivíduo e o bem do Estado são da mesma natureza. E embora estes consistam em buscar a completude, somente na realização do Estado, satisfazendo os fins materiais e espirituais está a perfeição. Portanto, é no Estado que o homem é realmente homem, porque naturalmente político, pois fora disso, é um animal servil como os outros.

A definição de ação social de Max Weber

Para Max Weber, pode ser dividida em quatro ações fundamentais e é função do sociólogo compreendê-las
Para Max Weber, pode ser dividida em quatro ações fundamentais e é função do sociólogo compreendê-las
 
Na visão de Max Weber, a função do sociólogo é compreender o sentido das chamadas ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam. Entende-se que ações imitativas, nas quais não se confere um sentido para o agir, não são ditas ações sociais. Mas o objeto da Sociologia é uma realidade infinita e para analisá-la é preciso construir tipos ideais, que não existem de fato, mas que norteiam a referida análise.
Os tipos ideais servem como modelos e a partir deles a citada infinidade pode ser resumida em quatro ações fundamentais, a saber:
1. Ação social racional com relação a fins, na qual a ação é estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim;
2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor, seja este ético, religioso, político ou estético;
3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc., e
4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados. (Observe que as duas últimas são irracionais).
Para Weber, a ação social é aquela que é orientada ao outro. No entanto, há algumas atitudes coletivas que não podem ser consideradas sociais. No que se refere ao método sociológico, Weber difere de Durkheim (que tem como método a observação e a experimentação, sendo que esta se dá a partir da análise comparativa, isto é, faz-se a análise das diversas sociedades as quais devem ser comparadas entre si posteriormente). Ao tratar os fatos sociais como coisas, Durkheim queria mostrar que o cientista precisa romper com qualquer pré-noção, ou seja, é necessário, desde o começo da pesquisa sobre a sociedade, o abandono dos juízos de valores que são próprios ao sociólogo (neutralidade), uma total separação entre o sujeito que estuda e o objeto estudado, que também pretendem as ciências naturais. No entanto, para Weber, na medida em que a realidade é infinita, e quem a estuda faz nela apenas um recorte a fim de explicá-la, o recorte feito é prova de uma escolha de alguém por estudar isto ou aquilo neste ou naquele momento. Nesse sentido, não há, como queria Durkheim, uma completa objetividade. Os juízos de valor aparecem no momento da definição do tema de estudo.
Assim foi o seu conviver com a doutrina protestante que influenciou Weber na escrita de “A ética protestante e o espírito do capitalismo”. Para esse teórico, é apenas após a definição do tema, quando se vai partir rumo à pesquisa em si, que se faz possível ser objetivo e imparcial.
Compare-se Durkheim e Weber, agora do ponto de vista do objeto de estudo sociológico. O primeiro dirá que a Sociologia deve estudar os fatos sociais, que precisam ser: gerais, exteriores e coercitivos, além de objetivos, para esta ser chamada corretamente de “ciência”. Enquanto o segundo optará pelo estudo da ação social que, como descrita acima, é dividida em tipologias. Ademais, diferentemente de Durkheim, Weber não se apoia nas ciências naturais a fim de construir seus métodos de análises e nem mesmo acredita ser possível encontrar leis gerais que expliquem a totalidade do mundo social. O seu interesse não é, portanto, descobrir regras universais para fenômenos sociais. Mas quando rejeita as pesquisas que se resumem a uma mera descrição dos fatos, ele, por seu turno, caminha em busca de leis causais, as quais são suscetíveis de entendimento a partir da racionalidade científica.